Bristol investe em pesquisas clínicas no Brasil

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
Em 2019 a Bristol Myers Squibb (BMS) se tornou a quarta maior biofarmacêutica do mundo. O feito se deu com a compra da Celgene, em uma transação de US$ 74 bilhões (R$ 396,99 bilhões). A nova companhia terá uma receita global de US$ 45 bilhões (R$ 241,41 bilhões). No Brasil, alcança R$ 1,5 bilhão. E é neste mercado que a gigante já realiza 50 ensaios clínicos.
 
“O País recebe grande parte dos investimentos em pesquisa e inovação. Mas, teríamos capacidade para investir perto do dobro se não fosse tão burocrático aprovar um estudo clínico por aqui”, disse ao Valor Econômico, em sua primeira entrevista como presidente da subsidiária brasileira da BMS, Gaetano Crupi.
 
Nesse portfólio de estudos, Crupi falou que a maior parte é realizada em áreas de alta complexidade, como oncologia, lúpus, doença de Crohn, fibrose pulmonar, esteatose hepática não alcoólica e doenças cardiovasculares. “Nos Estados Unidos se leva até oito meses para a aprovação do protocolo de um ensaio clínico; no Brasil demora em média 15 meses. Um legado que a pandemia poderá deixar no país é de que a aprovação desses estudos poderá ser mais rápida. Viram que dá para fazer”, afirma o executivo.
 
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Se isso, de fato, for comprovado, o Brasil pode receber mais 30 estudos clínicos da BMS. O executivo disse que a subsidiária concorre com outras operações por esses investimentos: “A matriz está na fase de planejamento para os novos estudos, e estamos na disputa. Dos ensaios que estamos prospectando, cinco são da Celgene. Pela importância do mercado brasileiro, deveríamos ter mais investimentos desse tipo”.
 
A subsidiária figura atualmente entre a 10ª e a 13ª posição no ranking da companhia. A classificação acontece em função da desvalorização do real frente ao dólar. Crupi ressalta que, quando a comparação é em número de pacientes atendidos – em torno de 40 milhões de pessoas – o país sob para a 6ª ou 7ª posição na BMS.
 
“Quando se traduz o número de pacientes para receita em dólar, perdemos relevância”, diz. No entanto, ressalta que o Brasil é muito importante para a Bristol. Somente no mercado privado há 47 milhões de pessoas e outras 150 milhões são atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Há muito o que se crescer”.
 
Nesse contexto, a farmacêutica vai lançar, até 2023, novas indicações e medicamentos de alta complexidade – ao todo, oito produtos. Quatro serão apresentados ao mercado entre 2021 e 2022 e o restante em 2023.
 
Atualmente, a BMS tem um portfólio de 10 produtos locais, sendo cinco oferecidos pelo SUS. “Este ano teremos novas indicações, além desse oito. Um medicamento, inclusive, já submetemos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Deve chegar ao mercado em 2021”, afirmou Crupi.
 
A BMS também está concluindo a transferência de tecnologia de um medicamento para o tratamento de HIV para Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O processo se dá por meio das Parceiras para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), firmada há mais de cinco anos. “É um dos exemplos mais positivos desse projeto no Brasil. Vamos ver o remédio para o SUS só neste ano. Farmanguinhos passará a produzir em 2021”, disse Crupi. Segundo ele, hoje o medicamento é trazido da unidade da BMS em Porto Rico.
Com informações do Valor Econômico
 
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