Conheça a trajetória de três líderes da indústria farmacêutica

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
A indústria farmacêutica vem impulsionando o mercado, representando uma importante fonte econômica do setor. Prova disso está na sua imponência e protagonismo em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Enquanto muitos negócios declinam e surfam em um mar de incertezas, essas indústrias se reinventam, se desdobram e até se unem para criar uma vacina eficiente e eficaz para a Covid-19. Claro que os protagonista do setor são mesmo os profissionais que atuam nele, e esta matéria irá mostrar a trajetória de alguns líderes, revelada em uma série de lives promovidas pelo CDPI Pharma Centro de Desenvolvimento Profissional Industrial.
 
As indústrias farmacêuticas sofreram grandes alterações nos últimos anos. Com a globalização intensiva e com o aumento da competitividade, elas buscam vencer novos desafios para se destacar no mercado global. A satisfação e confiança do consumidor são fatores importantes que têm recebido, cada vez mais, atenção durante a produção de medicamentos. Mas para que essa produção tenha êxito é importante um trabalho de gestão que motive e lidere os profissionais.
 
Inspiração
 
Com 17 anos de experiência na indústria farmacêutica, sendo 11 anos atuando na área de desenvolvimento farmacotécnico de medicamentos genéricos e similares e suporte técnico a área fabril das formas farmacêuticas sólidos orais, líquidos orais, injetáveis e semissólidos, Júlio Umberto Rossi é hoje diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Cimed, um dos mais importantes do País.
 
Sua história inspiradora começou em 1999 como auxiliar de expedição do então Laboratório Cristália. Foi já trabalhando que Rossi foi despertado para a Farmácia e iniciou a graduação. Não tardou para ir direto da expedição para o interior da fábrica. Passou pela Natura, Laboratório Teuto Brasileiro, Hyperamarcas, Multilab, Brainfarma até marcar sua história hoje na Cimed.
 
 
“Em 2008 quando fui para o Teuto foi um período de muitas mudanças na minha vida. Mudei de emprego, estado, cidade e já fui de imediato para uma empresa grande, com volume de projetos grandes. Acredito que o exemplo traz muito valor e tentei fazer a gestão por exemplo, tentei mostrar às pessoas e aos analistas como fazer, o que fazer, por quê fazer, orientando como seguir e contornar situações”, conta Rossi.
 
Transição é fase mais difícil da carreira
 
Segundo ele, a transição de área do analista para o coordenador é a fase mais importante da carreira do profissional farmacêutico, porque é quando se sai de uma atividade extremamente técnica para fazer uma atividade de gestão. Contudo, vale ressaltar que o coordenador ainda é muito técnico, ele tem que conduzir os analistas e efetivar resultados. Para Rossi, essa é a transição é a mais difícil da carreira.
 
“Hoje em dia no mercado de trabalho você tem que ter interação com pessoas, gerenciar grupos, ser multidisciplinar. Você vai gerir projetos e discussões que lhe trarão crescimento profissional por mais que você não queira ser gestor. O profissional que se predispõe a crescer, tem que se preparar para as oportunidades. Ao participar de um processo de seleção, por exemplo, busque conhecer a história da empresa, identifique se de fato você está adequado para o cargo e para ela, questione-se se é aquilo que você realmente quer”, indica Rossi.
 
Para o diretor de P&D do Grupo Cimed, a indústria farmacêutica é uma área extremamente técnica, na qual o profissional que almeja crescer tem que ser, obviamente, técnico, mas também generalista, saber um pouco de vários assuntos para ter condições de debater temas diversos e agregar valor ao negócio.
 
Sem medo de arriscar
 
A diretora-executiva de Operações Técnicas na Hypera Pharma, Juliane Juabre, lidera um time de 1.500 profissionais e tem grande experiência em empresas nacionais e multinacionais do segmento farmacêutico tais como MSD, Aché, Altana, Nycomed, Takeda e Eurofarma, sendo 21 anos em posições executivas.
 
Possui ampla atuação em diversas áreas da indústria farmacêutica como produção industrial, garantia e controle de qualidade, gestão de projetos, engenharia de inovação, área médica, P&D e inovação. De acordo com ela, tais experiências tornam-se grande diferencial para um profissional desta indústria.
 
Sua maior dificuldade ao assumir posição de gestora foi desapegar da parte técnica e desenvolver habilidades políticas, como expressar-se na hora certa e de acordo com o público, entendendo que nem sempre se poderá se expressar exatamente como se gostaria, ou seja, é preciso feeling.
 
“Lidar com pessoas é bem difícil, você tem que se interessar e cuidar da sua equipe, tem que dosar isso e ser muito focado em metas. Não basta alcança-las, tem que supera-las caso queira se destacar. Temos que sempre estar buscando melhorar. É necessário ter uma equipe forte e pessoas abaixo de você que são melhores que você. Com isso a empresa não fica com medo de lhe dar uma promoção, porque você tem substitutos, você tem pessoas preparadas abaixo de você e até mesmo fora da empresa, quando você chega em um nível de diretor, você tem que ter essa rede de contatos para formar rápido uma equipe. Você só consegue crescer profissionalmente se não tiver medo de arriscar”, destaca Juliane.
 
A executiva garante que existem muitas oportunidades na indústria farmacêutica e que o caminho é a busca, a dedicação e a especialização. As opções para gestão exigem o desenvolvimento de habilidades para além da parte técnica, no entanto, há carência de profissionais com esse perfil. Juliane não acredita que todo gestor nasce gestor, mas para sê-lo é necessário querer, ouvir os pares. “Eu já vi pessoas que não queriam largar a parte técnica e hoje são diretores”, ressalta.
 
Carreira internacional
 
Com mais de 25 anos de experiência na indústria farmacêutica, sendo que os últimos dez anos atuando na Europa (Suíça e Alemanha), Wagner Moi atuou em grandes empresas nacionais e multinacionais, como Merck Sharp & Dohme, Alcon, Altana Pharma, Takeda, Nycomed, Takeda Europa e Acino, na sua maioria ocupando cargos executivos com experiência em funções globais e locais.
 
É um líder disruptivo, com experiência em equipes multifuncionais e virtuais. Tem profundo conhecimento dos Sistemas de Qualidade Farmacêutica e sólida experiência na definição da estratégia da qualidade, alinhada aos requisitos regulatórios e às necessidades do negócio.
 
Quando questionado, em dez anos de Europa, qual seu maior desafio, Moi é enfático: “Não percebi nem testemunhei nenhuma discriminação. Sou muito determinado. Profissionalmente falando, eu já conhecia meu networking, conhecia os produtos e pessoas”, afirma.
 
Para ele vários aspectos devem ser considerados pelo farmacêutico que deseja seguir carreira na indústria fora do Brasil. Primeiramente querer, saber que há uma demanda para profissionais qualificados independente da nacionalidade dele. Moi diz que sempre buscou descobrir quais eram os nichos onde poderia atuar.
 
“Algo que precisamos entender é que o nível de educação na Europa é bastante alto. Quando fui promovido à vice-presidência de qualidade global, eu tive que me preparar para ter discussões muito mais profundas a respeito de processos. Li um artigo que fala que estamos na época da hiperespecialização, não ser apenas um generalista, mas também você não precisa ser especialista só daquilo, tem que saber a fundo de várias disciplinas. Nós tínhamos discussões a respeito de problemas de processos e produtos que envolvia de tudo, parte molecular, questão regulatória. Eu diria que isso é fundamental se você quer desenvolver uma carreira na Europa”, sentencia o Consultor Sênior em Gestão da Qualidade na Phaidon International.
 
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