EMS cresce 21% no semestre, mais que o dobro do setor

EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
Considerada uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil, a receita líquida da EMS foi de R$ 5,6 bilhões em 2019, com a venda de 556 milhões de unidades de medicamentos. Já em 2020, apesar da instabilidade econômica causada pela pandemia da Covid-19, a crise tem passado longe da farmacêutica. Somente no primeiro semestre deste ano, as vendas cresceram 21% em relação ao mesmo período do ano passado.
 
“Queremos fechar o ano com crescimento de 25%”, disse o vice-presidente institucional da EMS, Marcus Sanchez, à Istoé Dinheiro. A empresa cresceu em 2020 mais que o dobro da indústria nacional de medicamentos – cuja alta, de janeiro a maio, foi de 10,24%. As duas palavras-chave ditas pelo dirigente da EMS para alcançar a meta de crescimento até o fim do ano são investimento e inovação.
 
Somente nas construções das fábricas de Hortolândia e Jaguariúna, no interior de São Paulo, além de Manaus e Brasília, a soma de investimentos, iniciados em 2012 e que vão até o ano que vem, atingirá R$ 1 bilhão. No ano que vem, a empresa entrega uma ampliação do parque fabril de Hortolândia para armazenamento de matéria-prima refrigerada e uma unidade de produtos oncológicos injetáveis.
 
Investimentos
 
Tudo isso já estava planejado. A pandemia, contudo, acelerou algumas das decisões. A EMS decidiu antecipar a aplicação de recursos que originalmente estavam previstos para 2021. Apenas em investimentos na linha de produção foram destinados R$ 5 milhões, além de recursos para divulgação institucional, que saltaram de R$ 60 milhões, anteriormente, para R$ 100 milhões.
 
Além disso, acelerou a compra de insumos para produção de medicamentos, mesmo com a disparada do dólar nos últimos meses e a elevação dos custos de frete em todo o planeta. Ao mesmo tempo, a empresa sentiu a necessidade de acelerar seu processo de digitalização. “Antes da pandemia, havíamos criado uma diretoria de transformação digital e agora investimos cerca de R$ 1 milhão em um portal de propaganda médica”, afirmou Sanchez.
 
 
A grandeza dos números evidencia o tamanho da indústria de medicamentos no Brasil, ainda mais em tempos de pandemia, quando a produção precisou ser aumentada para que redes farmacêuticas e unidades de Saúde pudessem ter seus estoques abastecidos. Segundo dados do Grupo FarmaBrasil, associação que integra 12 empresas do setor, o faturamento total do mercado para o segmento farmacêutico chegou a R$ 69 bilhões em 2019.
 
O aumento do repasse de recursos públicos a estados e municípios, que já ultrapassou R$ 14 bilhões, para o combate à pandemia, mostra o tamanho do potencial de receita para as empresas fornecedoras de itens hospitalares, EPIs e, naturalmente, medicamentos.
 
Nessa fatia de mercado, o grupo NC, que controla a EMS, terminou 2019 com 8,21% do market share, de acordo com o Grupo FarmaBrasil. A distância de receita em relação à segunda colocada do ranking, a francesa Sanofi, com 6,81% de participação, beira R$ 1 bilhão.
 
Medicamentos sem prescrição
 
A EMS ganhou musculatura a partir da liberação dos medicamentos genéricos no Brasil. Foi a primeira empresa a produzir medicamentos desse tipo no País, em 2000, e atualmente tem 500 genéricos em seu portfólio, com demanda mensal de 20 milhões de caixas. Para a empresa, a fórmula para seguir adiante está na pesquisa de novos produtos.
 
Os medicamentos de prescrição representam hoje 43% da receita, contra 35% dos genéricos. “Somos uma empresa que hoje adota menos cópia e investe mais em inovação. Isso é um novo desenho estratégico”, afirmou o vice-presidente.
 
Segundo ele, ainda falta muito para que o País seja, de fato, um importante polo de desenvolvimento de pesquisa. “A inovação está atrelada ao risco e o Brasil não tem legislação clara sobre isso”, disse Sanchez. A líder do mercado diz fazer sua parte. São investidos, anualmente, 6% do faturamento do laboratório para assegurar a atividade de 400 pesquisadores no centro de pesquisa da empresa, em Hortolândia, que conta com 50 novos produtos em diferentes etapas de desenvolvimento.
 
Coronavírus
 
Na corrida pela possível cura da Covid-19, a EMS foi uma das primeiras indústrias a participar ativamente de um estudo clínico sobre eficácia do tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina, a partir da criação, em março, da Coalizão Covid-19, em conjunto com principais hospitais privados do Brasil.
 
A empresa foi responsável pelo fornecimento dos medicamentos para as análises clínicas. Para Sanchez, o trabalho trouxe bons resultados, principalmente quanto à metodologia e importância da parceria para o avanço da ciência. “O principal aprendizado foi quanto a celeridade das aprovações. Ficou provado que é possível fazer ciência de uma forma rápida no Brasil”. A Coalizão deve ser mantida para outros estudos.
Com informações da Istoé Dinheiro
 
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