Inovação é a arma da indústria farmacêutica na pandemia

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
A pandemia do coronavírus tem exigido que muitos setores se reformulem para lidar com o poder letal desse inimigo ainda desconhecido. A indústria farmacêutica segue no centro das atenções, inovando diariamente para o desenvolvimento de medicamentos e vacina contra a Covid-19. A inovação é uma característica do setor de produção de medicamentos, e deve se acelerar ainda mais.
 
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica aprimorou seus métodos para redirecionar sistematicamente seus medicamentos, disse a colunista Camila Farani, em artigo para o Jornal Gazeta do Povo. Esses métodos provam ser altamente úteis para os dias atuais, e visam encontrar uma conexão entre um medicamento e uma doença, aplicando triagem de alto rendimento ou biologia computacional.
 
Serão meses até se chegar, com êxito, a uma vacina e, por isso, medicamentos são reaproveitados para aliviar os sintomas dos pacientes e prevenir mortes, o que é necessário. Com a pandemia da Covid-19, é possível perceber essas iniciativas de reaproveitamento de medicamentos, como são os casos da Remdesivir (antiviral) e a combinação de Lopinavir e Ritonavir (terapia contra HIV). Esses são exemplos de que a maioria das grandes empresas farmacêuticas vem trabalhando em projetos para trazer rapidamente tratamentos ao mercado.
 
 
Segundo o artigo, embora este costume de redirecionamento seja comum nas indústrias farmacêuticas, o mercado agora é o centro das inovações ultrarrápidas para lidar com a pandemia. Mas a pandemia segue uma cadeia, e outros mercados também precisaram inovar. Um exemplo são as destilarias de rum e uísque, que começaram a produzir desinfetantes e álcool para mãos.
 
Essa lógica de redirecionamento profundo a iniciativas de inovação ultrarrápida pode ser resumida em cinco princípios:
· Compreender o problema da inovação;
· Mapear recursos;
· Utilizar tecnologias emergentes;
· Incentivar a colaboração; e
· Integrar os usuários finais.
 
Conhecer o problema é o primeiro passo. Os responsáveis precisam avaliar e entender rapidamente o problema que a inovação deve visar. Isso é essencial para combinar o problema com os recursos, ideias, conhecimento e tecnologia. Utilizando a pandemia do coronavírus como exemplo, se seu objetivo é impedir que as pessoas sejam infectadas, é preciso que se tenha o máximo possível de informação e entendimento sobre o vírus, ou seja, o conhecimento mais valioso sobre o problema pode ter origem fora da sua organização.
 
 
Fazer uma descrição de seus conhecimentos e recursos é essencial para que o redirecionamento funcione, e esta anotação de coisas úteis irá ajudar muito. Conforme as incertezas e as urgências aumentem, o redirecionamento é mais bem-sucedido quando as organizações utilizam recursos e conhecimentos prontamente disponíveis.
 
Inovação ultrarrápida
 
As plataformas digitais permitem que os principais usuários, especialistas, financiadores e organizações públicas e privadas compartilhem informações e criem conhecimento. Outro benefício é o aprendizado de máquina associado à big data, que identifica rapidamente vínculos promissores entre necessidades e soluções. Quando informações são compartilhadas e estão disponíveis digitalmente, é preciso menos esforço para encontrar correspondências atraentes.
 
Por exemplo, a Academia de Descoberta, Momentum e Outlook Group desenvolveram uma ferramenta para diagnosticar o coronavírus em 20 segundos nas tomografias dos pacientes usando uma diretriz fornecida por um radiologista líder. A ferramenta ajudou médicos em 26 hospitais a analisar rapidamente mais de 30 mil casos durante o surto na China.
 
Durante uma crise, a colaboração aberta é crucial para identificar possíveis soluções. Para o combate ao coronavírus, os filantropos Bill e Melinda Gates e os especialistas em sua fundação são extremamente benéficos para a resposta à crise. Embora seu apoio financeiro seja importante, mais crucial é a experiência que sua fundação tem ao entender como orquestrar a colaboração global, diz a colunista.
 
Para atender as necessidades urgentes dos usuários finais, por meio de inovação ultrarrápida, não se pode esperar a pesquisa de mercado dizer quais são essas necessidades. É preciso promover canais de comunicação para que os usuários finais expressem essas necessidades o quanto antes, e os gestores devem abordá-los rapidamente no processo de inovação.
 
A pandemia do coronavírus gera incerteza sobre quando haverá uma vacina eficaz, mas, ainda assim, existem razões para ter esperança. Agora, à medida que se enfrentam as consequências sociais e econômicas, provavelmente duradouras, as lições da indústria sobre inovação ultrarrápida podem muito ajudar a desenvolver novas soluções para desafios futuros.
Com informações do Jornal Gazeta do Povo, de Camila Farani.
 
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