Indústria brasileira produz IFA para medicamentos do SUS atende demanda global

Brasil produz apenas 5% do total de IFAs que são utilizados na indústria farmacêutica nacional; iniciativa de empresa verticaliza ações para diminuir dependência de países como China e Índia.

A farmacêutica brasileira Prati-Donaduzzi investiu em pesquisa, construiu uma planta e iniciou a produção do insumo farmacêutico ativo (IFA) Cabergolina, com capacidade de atender boa parte da demanda mundial. Essa molécula permite que indústrias farmacêuticas de todo o mundo fabriquem medicamentos com a mesma função da dopamina, que age na hipófise impedindo a produção de prolactina (hormônio responsável pela produção de leite). 

Risco de desabastecimento e impacto na saúde 

Atualmente, existem apenas sete fabricantes desse IFA no mundo, o que aumenta o risco de desabastecimento do medicamento que integra a lista do Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes com disfunções associadas à hiperprolactinemia e casos de tumores benignos da hipófise são os mais impactados. 

A competitividade do mercado mundial 

De acordo com dados da IQVA, empresa de utilização de informações, tecnologia, análises avançadas e conhecimento especializado, o mercado mundial de medicamentos contendo o IFA Cabergolina movimenta US$ 147 milhões anuais, e o quilo é comercializado por mais de US$ 268 mil. A América Latina é o segundo maior mercado consumidor do medicamento, representando mais de 10,7% do consumo global. 

Atualmente, nove laboratórios no Brasil comercializam a Cabergolina: seis com medicamentos genéricos, dois com medicamentos de marca e um originador (que detém a patente do medicamento).

Segundo Nelson Claro, diretor da área de IFAs da Prati-Donaduzzi, esse cenário motivou a farmacêutica a fabricar também o IFA. “Com a produção do IFA, temos maior vantagem competitiva no mercado e conseguimos abastecer indústrias brasileiras, da América Latina, Europa e Estados Unidos”, afirmou.

“A produção do IFA inclui toda a documentação técnica que segue padrões internacionais e critérios fundamentais da Anvisa e outros órgãos reguladores do mundo”, explicou Nelson. 

Verticalização e produção de IFAs no Brasil 

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), apesar de a indústria farmacêutica brasileira estar entre as 10 maiores do mundo, apenas 5% dos IFAs utilizados na fabricação de medicamentos são produzidos no país. A maior parte é importada de países como China e Índia. 

A Prati-Donaduzzi é uma das mais recentes indústrias a verticalizar seu processo de trabalho e investir na fabricação de IFAs além dos medicamentos. O primeiro IFA produzido pela farmacêutica foi o Canabidiol sintético. A mudança de postura da indústria visa diminuir a dependência de IFAs que o mercado brasileiro possui hoje.

A expectativa do Governo Federal é de que, em 10 anos, 70% dos bens da saúde (vacinas, IFAs, medicamentos e equipamentos) sejam produzidos no Brasil. 

“Desde 2018, pesquisamos e nos preparamos para a produção de IFAs. Foram mais de quatro anos para estruturar nosso setor e iniciar a verticalização dos nossos serviços. Hoje, temos o Canabidiol e a Cabergolina, e ainda em 2024 vamos lançar no mercado mais dois IFAs”, afirmou o diretor. 

Neste período, a farmacêutica criou um laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com infraestrutura própria e corpo técnico capacitado para a produção de diferentes IFAs. “Isso, com certeza, reduz a dependência do Brasil e o risco de desabastecimento de medicamentos que são distribuídos pelo SUS”, complementou Claro. 

Fonte: Saúde Business

 

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