
Masterclass CDPI: faturamento do setor veterinário é de R$ 12 bilhões
Por Egle Leonardi
O CDPI, que acaba de lançar seu braço no segmento veterinário – o CDPI VET – realizou uma Masterclass, em 29 de outubro, quando foram discutidos temas relevantes para esse segmento, como as novas regulamentações que impactam o setor de medicamentos veterinários, a adaptação a essas novas legislações, estratégias de fabricação, controle de qualidade, entre outros insights valiosos para o mercado e a carreira de quem atua na área.
No evento, o CEO do CDPI Pharma e do Ephar, Poatã Casonato, mencionou a importância do setor veterinário nacional e a estratégia de oferecer novos programas para os profissionais que querem se capacitar para atuar na área VET, que cresce cerca de 10% ao ano no Brasil.
Participaram da Masterclas o gerente de P&D Farma da Ourofino Saúde Animal, Vinicius Müller; a gerente Sênior de Assuntos Regulatórios na DeLaval, Nathalia Cabral; o gerente Técnico Regulatório da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Wanderson dos Reis; e o diretor do CDPI Pharma, Ricardo Cerrato.
Apenas para lembrar, no segmento veterinário estão incluídos todos os medicamentos, os produtos de higiene animal, as vacinas e os suplementos alimentares. Há cerca de 20 mil empresas no setor, que contemplam produção, importação, distribuição e comércio, entre outros.
Segundo Reis, no Brasil, há 85 fabricantes, sendo que 70% deles estão concentrados em São Paulo, com quatro entidades representativas, sendo a Alanac uma delas. “Em termos de faturamento, fechamos 2013 em torno de R$ 12 bilhões, mas sabemos que esse volume é muito superior, até porque muitas empresas não abrem seus números”, menciona ele.
O mercado veterinário é considerado um dos mais importantes do país. “Estamos falando em cinco mil produtos, incluindo itens registrados e isentos de registro, produtos com licenciamento provisório etc. Quando consideramos o volume de produção, o número é assustador, e é muito superior ao da indústria Farma humana”, ressalta Reis.
Ele exemplifica, dizendo que a pecuária, atualmente, representa em torno de 50% do faturamento do setor. Já o setor PET tem uma participação em torno de 25%.
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“De modo geral todos os produtos humanos existem no mercado veterinário, que apresenta muitas particularidades, como a classe terapêutica mais expressiva, hoje, que são os antiparasitários antimicrobianos, bem relevantes, assim como os produtos injetáveis”, cita.
O Brasil tem um papel relevante na exportação de proteína animal, como carne bovina, carne suína e de carne de aves. Isso contribui para o cenário positivo de crescimento. A perspectiva é positiva, mas, obviamente, o cenário está atrelado também ao ambiente regulatório e à segurança jurídica. Apesar disso, os especialistas acenam para um ambiente favorável ao crescimento do setor VET nacional
Cenário Regulatório
Müller explicou o conceito de one health (saúde única) relacionado ao ambiente regulatório. Apenas para esclarecer, one health é um posicionamento que congrega a saúde humana, saúde animal e, também, o meio ambiente. Quando se fala de uma única saúde, logo se relaciona a saúde animal – do bem-estar animal – e como isso vai influenciar a cadeia da proteína da alimentação humana, refletindo isso para a saúde em geral. “Eu vejo que o ambiente regulatório vem evoluindo, e não é para menos que os entes regulatórios, assim como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), participam e discutem sobre esse tema”, ressalta ele, que complementa: “Na prática, nós estamos vendo os órgãos reguladores discutindo e se integrando por meio de decretos e de novas legislações”.
Já Cerrato afirma que é uma responsabilidade muito grande a produção de alimentos em nível global. “Para se ter uma ideia, o Brasil é responsável por 24% da proteína bovina e 33% da proteína de aves, e, hoje, o grande desafio da indústria veterinária é a questão de resíduos, que impactam diretamente a saúde como um todo”.
Para falar sobre as expectativas em relação às regulamentações do MAPA e como elas podem contribuir para o progresso do setor veterinário, Nathalia destaca que há um desafio muito grande em relação à segurança e à eficácia desses produtos para os animais, principalmente os de produção. Há uma responsabilidade muito grande em relação à saúde dos consumidores que vão, no fim da cadeia, utilizar essa proteína. O Brasil, como grande produtor de proteína animal, deve ter uma régua bem elevada em relação a esses produtos para consumo.
“Viemos de questões de gestões anteriores do MAPA que trabalharam em atualizações de normas, mas eu vejo que se iniciou uma discussão muito mais focada em criar um marco regulatório baseado, não apenas naquilo que foi mapeado pelo Ministério da Agricultura, mas com uma tomada de subsídios públicas, ouvindo todos os entes e todos os setores envolvidos para gerar regulamentações e guias que realmente trouxessem respostas e soluções para o setor”, afirma Nathalia.
Para ela, o mais importante é a revisão do marco regulatório, que é o Decreto 5.053, de 22 de abril de 2004, que aprova o regulamento de fiscalização de produtos de uso veterinário e dos estabelecimentos que os fabriquem ou comerciem. “Nós estamos trabalhando nele há alguns anos, mas temos uma expectativa de que ele vá sair ainda este ano”, dispara ela.
Há outras normas que o setor determinou como importantes, e a primeira delas é a da regulamentação das farmácias de manipulação, que vai substituir a IN 11, de 2015; e a IN 41, de 2014. Para Nathalia, a falta de um marco regulatório eficaz, especialmente em relação às boas práticas e à qualidade desses produtos, tem atrapalhado bastante a indústria veterinária, mas as perspectivas são boas e acenam para o crescimento promissor desse mercado.
Como se qualificar
Para saber mais sobre o tema, O CDPI VET lançou o curso de Indústria de Medicamentos Veterinários focado nas áreas de P&D, Analítico, Qualidade, Produção e Registro de Medicamentos Veterinários. Ele oferece uma visão avançada aos profissionais envolvidos na área regulatória, analítica, farmacotécnica, sistema da qualidade e produtivo das indústrias veterinárias.
O objetivo é harmonizar o entendimento sobre as legislações atuais, atualizar os colaboradores da produção e os envolvidos no sistema da qualidade nas mais recentes normas de boas práticas de fabricação e capacitar os profissionais das áreas de P&D, sejam eles farmacotécnicos ou analíticos, nas tendências desse mercado, cada dia mais em ascensão.
O Curso Indústria e Medicamentos Veterinários – P&D, Analítico, Qualidade, Produção e Registro de Medicamentos Veterinários terá início em fevereiro de 2025. Para saber mais, clique AQUI.
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