Parceria entre Cristália e UFRJ anuncia descoberta de medicamento inédito para lesões na medula

Por Isabelly Paula Sousa

A ciência brasileira dá um passo histórico com a descoberta da polilaminina, um medicamento inédito no mundo desenvolvido a partir da colaboração entre o Laboratório Cristália e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O composto, obtido a partir da proteína laminina, extraída da placenta humana, mostrou resultados promissores na recuperação de movimentos em pacientes com lesões na medula espinhal, representando um marco para a neurologia regenerativa e para a inovação em saúde no Brasil.

Do ponto de vista técnico, a polilaminina atua em duas frentes complementares:

  1. Neuroproteção, reduzindo a extensão do dano neurológico após o trauma.
  2. Neuroregeneração, estimulando a reconexão de circuitos interrompidos na medula espinhal.

Resultados clínicos preliminares já indicam ganhos funcionais em pacientes classificados como portadores de lesão completa, grau A na escala ASIA, condição até então considerada irreversível. A eficácia, contudo, depende da rápida administração após a lesão, idealmente nas primeiras 24 horas, associada a protocolos de reabilitação.

Leia também: IA impulsiona processos industriais e transforma o setor farmacêutico

A descoberta evidencia a importância estratégica da conexão entre a academia e a indústria farmacêutica. Enquanto a UFRJ liderou a pesquisa e a validação científica do medicamento, o Cristália assumiu a missão de traduzir essa inovação em um produto farmacêutico viável, com padrões de qualidade e infraestrutura que permitem avançar para etapas regulatórias. Este modelo de cooperação mostra como a integração entre universidades e empresas pode acelerar a transferência de tecnologia e ampliar o impacto das descobertas científicas.

Brasil em posição de destaque

Ainda que o medicamento esteja em fase experimental e dependa de novos ensaios clínicos e da avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avançar, trata-se de um projeto que coloca o Brasil em posição de destaque no cenário global de inovação em saúde. A necessidade de coleta de placentas saudáveis, a padronização de processos produtivos e os estudos de segurança de longo prazo são desafios que reforçam o caráter pioneiro da iniciativa.

Para o setor farmacêutico e acadêmico, a polilaminina simboliza não apenas uma promessa terapêutica, mas também um exemplo de como a inovação aberta e colaborativa pode gerar soluções transformadoras. O impacto potencial vai além do campo científico, pois abre novas perspectivas de qualidade de vida a milhares de pessoas que vivem com paraplegia ou tetraplegia, ao mesmo tempo em que fortalece a posição do Brasil como protagonista em pesquisa translacional de alta complexidade.

Como se qualificar

Para saber mais esse tema e como a indústria farmacêutica vem atravessando mudanças rápidas e enfrentando inúmeros desafios, O CDPI Pharma lançou a pós-graduação em P&D Farmacotécnico e Produção de Medicamentos  irá capacitar e formar profissionais capazes de atuar e desempenhar atividades relacionadas ao desenvolvimento Farmacotécnico, pesquisa, desenvolvimento/concepção de produtos e transferência destes para o ambiente produtivo, bem como compreender toda a dinâmica de planejamento, estratégias e controle de produção, com uso integrado com I.A. Tudo isso integrado ao novo conceito de ciclo de vida de produtos da RDC 658/2022.

Saiba mais AQUI.

Isabelly Paula é coordenadora de Inovação e Novos Projetos da Faculdade CDPI.

Participe do nosso grupo de WhatsApp para receber notícias relacionadas à indústria farmacêutica. Clique aqui e faça parte do seleto grupo CDPI Notícias.