Mesmo com lucro, J&J terá cortes no decorrer do ano

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
Surpreendendo as expectativas dos analistas do setor, a Johnson & Johnson divulgou, na terça-feira (14/04), lucro no primeiro trimestre, com vendas mais altas de seus medicamentos contra câncer e produtos ao consumidor, como Tylenol, por exemplo. No entanto, reduziu sua previsão para o ano inteiro devido à pandemia do novo coronavírus.
 
A empresa é a primeira grande farmacêutica norte-americana a reportar os resultados desde o início do surto da Covid-19, que fechou negócios e interrompeu as cadeias de suprimentos no mundo. De acordo com a J&J, a crise atingiu as vendas em sua unidade de dispositivos médicos, já que os hospitais atrasaram cirurgias e procedimentos eletivos, mas aumentou a receita em sua divisão de consumidores, com os clientes estocando medicamentos essenciais.
 
 
A J&J, que opera negócios de dispositivos médicos e de saúde do consumidor, juntamente com sua considerável unidade farmacêutica, agora espera um lucro ajustado por ação de US$ 7,50 a US$ 7,90 (R$ 39,29 a R$ 41,38) em 2020, em comparação com sua estimativa anterior de US$ 8,95 a US$ 9,10 (R$ 46,88 a R$ 47,67). A farmacêutica disse que sua previsão para o ano inteiro inclui investimentos que está fazendo para combater a pandemia.
 
Queda
 
Nos três primeiros meses do ano, as vendas em sua unidade de dispositivos médicos caíram 8,2%, para US$ 5,93 bilhões (R$ 31,06 bilhões). A empresa registrou um declínio de um dígito alto nas vendas de em seus dispositivos médicos usados em serviços como procedimentos ortopédicos de alta margem e cirurgias para a correção da visão. As vendas em sua unidade de saúde do consumidor subiram 9,2%, para US$ 3,63 bilhões (R$ 19,01 bilhões), impulsionadas por um aumento na demanda por produtos como os analgésicos Tylenol e Motrin.
 
As vendas na unidade farmacêutica aumentaram 8,7%, para US$ 11,13 bilhões (R$ 58,30 bilhões), ajudadas pelas vendas dos medicamentos contra o câncer Darzalex e Imbruvica. O lucro líquido subiu para US$ 5,80 bilhões (R$ 30,38 bilhões), ou US$ 2,17 (R$ 11,37) por ação, no primeiro trimestre, de US$ 3,75 bilhões (R$ 19,64 bilhões), ou US$ 1,39 (R$ 7,28) por ação, um ano antes. Já o fabricante de Band-Aid e Listerine teve lucro de US$ 2,30 (R$ 12,05) por ação, superando a estimativa média dos analistas de US$ 2 (R$ 10,48), segundo dados do Refinitiv do IBES.
 
Vacina
 
Em setembro desse ano a empresa iniciará testes clínicos em humanos de uma vacina que poderia estar pronta para ser usada, em caráter de urgência, antes do começo do ano que vem. A empresa começou a trabalhar em janeiro sobre a vacina experimental Ad26 SARS-CoV-2, empregando a mesma tecnologia usada para desenvolver a vacina-candidata, contra o vírus do ebola.
 
A J&J assinou um acordo de US$ 1 bilhão (R$ 5,24 bilhões) com o governo dos Estados Unidos para criar capacidade de fabricação suficiente para produzir mais de um bilhão de doses da vacina.
Com informações da Reuters
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