Novartis encerra estudo sobre hidroxicloroquina

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
O grupo farmacêutico suíço Novartis anunciou o fim de um teste clínico sobre a hidroxicloroquina para tratar os pacientes de Covid-19. Segundo a empresa, o motivo é a falta de participantes, informou a agência France Presse. Em 20 de abril, o grupo anunciou um acordo com a agência americana de medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), para organizar testes clínicos de fase 3 da hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados por Covid-19.
 
Os testes tinham como objetivo avaliar o uso do tratamento em 440 pacientes nos Estados Unidos.
 
Mas, em 15 de junho, as autoridades de saúde americanas retiraram a autorização do uso em caráter de urgência de dois tratamentos contra a Covid-19, a cloroquina e a hidroxicloroquina, que o presidente Donald Trump chegou a defender durante algum tempo.
 
A FDA anunciou a autorização para a prescrição destes tratamentos contra a malária, apenas no hospital, a pacientes infectados pelo novo coronavírus.
 
Polêmica
 
A polêmica sobre a eficácia da hidroxicloroquina passou da área científica e entrou no debate político.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu pela segunda vez testes com este tratamento e chegou à conclusão de que o fármaco eficiente no tratamento contra a malária não reduz a taxa de mortalidade dos pacientes hospitalizados de Covid-19.
 
No Brasil, o Ministério da Saúde informou que vai ampliar as orientações de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento precoce da Covid-19 em dois perfis de pacientes: crianças e grávidas.
 
Questionada pelo G1 sobre se há novos estudos e evidências científicas que justificam a manutenção das orientações para uso da droga, a representante do Ministério da Saúde desqualificou a decisão dos EUA, afirmando que o FDA se baseou em trabalhos de “péssima qualidade”.
 
“Os trabalhos usados não podem ser referências utilizadas, são trabalhos de péssima qualidade metodológica, vamos continuar produzindo bons trabalhos no Brasil e vamos aguardar que o mundo produza evidências clínicas de nível A”, disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro.
 
O que se sabe é que não há qualquer indicação do medicamento para pessoas que queiram se proteger ou para casos leves da doença. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já havia alertado para os riscos de efeitos colaterais graves provocados pela droga, um imunomodulador receitado para casos de malária e para algumas doenças autoimunes, como o lúpus.
 
 
Em apresentação à imprensa, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, já havia frisado que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem ser usadas com outras medidas de suporte ao paciente infectado pelo novo coronavírus pelo período de cinco dias. De acordo com ele, trata-se de “um medicamento muito promissor” e que “o Brasil conhece muito”, por fazer uso na região Norte em pessoas com malária.
 
Os casos graves da Covid-19 são, em média, 14%. Desses, 5% são considerados críticos. Apenas para lembrar, na semana em que o presidente dos Estados Unidos falou que o país aprovou o uso da substância no tratamento de alguns casos de Covid-19, houve uma corrida às farmácias no Brasil, o que deixou algumas delas sem estoque.
 
Posteriormente, a Anvisa proibiu a venda do remédio sem prescrição médica, para evitar a automedicação e também que pacientes que precisam da hidroxicloroquina fiquem desabastecidos.
Com informações do G1 e do R7
 
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