Remdesivir não está disponível no Brasil, mas mostra resultados contra covid-19

POR EGLE LEONARDI E JÚLIO MATOS
Os olhos do mundo estão voltados para uma vacina que cure ou previna a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A indústria farmacêutica nunca esteve tão em evidência. Na última semana foi divulgado que o Reino Unido irá disponibilizar em seu sistema de saúde pública um medicamento antiviral que pode acelerar a recuperação de pacientes com Covid-19. Desenvolvido para tratar a hepatite C, o remdesivir também foi recentemente aprovado para uso emergencial nos EUA e em casos graves da doença no Japão.
 
O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, afirmou que a medida era talvez o maior passo no tratamento da doença desde o início da pandemia. Baseado em pesquisas recentes, Hancock afirmou que o processo de recuperação do paciente poderia ser encurtado em cerca de quatro dias com o uso da droga. Um dos maiores desafios que a Covid-19 impõe é a falta de leitos, que podem ficar ocupados pelo mesmo paciente por semanas.
 
Desenvolvido pela empresa farmacêutica americana Gilead, o remdesivir também foi testado, sem sucesso, como tratamento contra o ebola e o vírus de Marburg, causador de um tipo de febre hemorrágica.
 
Em 29 de abril, o governo americano anunciou o potencial do tratamento do remdesivir. Segundo Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, em cerimônia na Casa Branca, ao lado do presidente Donald Trump, uma pesquisa havia mostrado que o medicamento reduziu em quatro dias o tempo de recuperação de pacientes de covid-19. A pesquisa foi publicada em 26 de maio.
 
Fauci comparou o achado aos primeiros resultados obtidos com a droga AZT no combate ao HIV. Na época, a aids era vista como incurável. Segundo o diretor, o remdesivir prova que o novo coronavírus pode ser contido com o remédio.
Em 1º de maio, o remdesivir recebeu autorização para uso emergencial do FDA americano, o equivalente americano à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o texto informativo da FDA sobre a autorização de emergência, não existem produtos aprovados pelo órgão para a Covid-19, mas o medicamento de Gilead “pode beneficiar certas pessoas no hospital”.
 
Distribuição
 
O remdesivir não é fabricado no Brasil. Em 6 de maio, funcionários da Anvisa se encontraram com representantes da Gilead para discutir seu registro, manufatura e distribuição no País. O Ministério da Saúde solicitou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) que dê prioridade ao pedido de patente do medicamento.
 
No dia 12, no entanto, a empresa comunicou que havia abdicado da patente do remédio para que ele pudesse ser distribuído em 127 países por meio de cinco empresas sediadas na Índia e no Paquistão. O Brasil não consta na lista de países.
 
 
“As empresas têm o direito de receber uma transferência de tecnologia do processo de fabricação da Gilead para o remdesivir, permitindo que a produção seja aumentada mais rapidamente. Os licenciados também estabelecem seus próprios preços para o produto genérico que produzem”, afirmou a empresa, em comunicado.
Segundo uma ONG americana que avalia preços de medicamentos, o custo de fabricação de um tratamento de dez dias de remdesivir para uma pessoa fica em torno de US$ 9,32 (R$ 50,37 na cotação de 29 de maio de 2020).
Com informações do Nexo Jornal
 
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